domingo, 5 de julho de 2009

Reaprendendo e ensinando a falar

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Reaprendendo e ensinando a falar

por Michelle Amaral da Silva última modificação 30/06/2009 16:36

Aqui no Amazonas muitas etnias ainda falam bem a língua, mas na cidade de Manaus, a situação urbana é sempre um pouco diferente
30/06/2009

Jornal Porantim

Desde 1986 o Padre Ronaldo MacDonell, dos Missionários de Scarboro, trabalha na Amazônia. Ele assessorou as oficinas de formação lingüística e fala como tem sido seu trabalho.


Como o senhor tem observado a realidade lingüística aqui da Amazônia?

Aqui no Amazonas muitas etnias ainda falam bem a língua, mas na cidade de Manaus, a situação urbana é sempre um pouco diferente. Eu percebi que as mulheres Tukano são todas falantes, mas as crianças, não. Quer dizer, sendo criados aqui na cidade as crianças são unilíngües em português e agora há a preocupação das comunidades de tentar ensinar a língua para as crianças.


Em 500 anos, os indígenas resistiram para não desaparecer fisicamente. Há estudos prevendo que dentro de um século a maioria das línguas deve desaparecer, inclusive a maior parte das línguas indígenas. É possível evitar que elas desapareçam?

Para que sobrevivam, temos que aprender essas línguas. As pessoas têm que aprender, tanto as comunidades indígenas que perderam e querem aprender, quanto as comunidades que falam sua língua. Os adultos têm que repassar o valor de falar a língua indígena na comunidade. Dos lados das instituições, tanto das igrejas quanto das entidades de educação, tem que dar importância para o ensino da língua e dispor de verbas para a produção de materiais didáticos, cartilhas, etc. Então, tem que ter uma certa consciência de que as línguas estão morrendo e uma vontade, uma política cultural de tomar os passos necessários para defender as línguas.

Nesse trabalho com os indígenas como tem sido a participação deles nesse resgate?

Lá em Roraima, onde trabalhamos com os Makuxi e Wapichana e os professores são muito interessados e organizados. Várias vezes durante o ano eles fazem encontros e estudos justamente para produzir materiais ou discutir a ortografia da língua.

A gente tenta trabalhar com a comunidade para verificar quais são os materiais à disposição, se existem cartilhas, dicionários, gramáticas, e traduções do espanhol ou do inglês quando for necessário. Tentamos criar uma metodologia para trabalhar junto com o professor.

Fonte Brasil de Fato
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