Posicionamento Público da CONEN
Impedir qualquer retrocesso, Manter e Fortalecer a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR)
22 out. 2011
A Coordenação
Nacional de Entidades Negras (CONEN), manifesta-se contra a possível reforma
ministerial noticiada por jornais como a Folha de São Paulo e O Globo. Segundo
as notícias veiculadas, importantes Secretarias, como as de Mulheres e da
Promoção da Igualdade Racial, perderão os seus status de ministérios e serão
aglutinadas em um ministério “guarda-chuva” dos setores sub-representados na
vida política nacional. O novo órgão será denominado, segundo as notícias, como
Ministério dos Direitos Humanos.
Se confirmada,
essa medida inviabilizará o cumprimento de alguns dos principais desafios do
governo da Presidenta Dilma Rousseff para a promoção da igualdade racial no
Brasil, a saber:
- consolidar
as mudanças dos últimos anos, ampliar as conquistas e impedir qualquer
retrocesso na afirmação de direitos sociais, culturais, políticos e econômicos
da população negra;
- promover a
inclusão social e a redução das desigualdades, garantir um projeto de
desenvolvimento sustentável para o país com igualdade de gênero, raça e etnia;
- implementar
políticas para diminuir as desigualdades sóciorraciais no Brasil e reduzir a
imensa dívida histórica e social que a sociedade e o Estado têm para com a
população negra no Brasil;
- dar
continuidade a uma ação de governo, iniciada na gestão do Presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que reconhece o grave quadro de desigualdades
socioeconômicas, em razão das diferenças raciais, e a necessidade de políticas
para a erradicação do racismo e da pobreza em nosso país.
É fundamental
manter e reestruturar a SEPPIR
Para
continuarmos a enfrentar os desafios aqui apontados e fortalecer a nossa luta
contra o racismo, precisamos que a SEPPIR continue a ser no governo da
Presidenta Dilma Rousseff o centro da articulação, promoção e acompanhamento
das políticas dirigidas a população negra. Com esse objetivo, é necessário que
a Secretaria seja reestruturada e atenda às demandas históricas da população
negra, através da ampliação de seu orçamento e de seus recursos materiais e
humanos, de forma a ter maior capacidade técnica, política e institucional.
Impedir
qualquer retrocesso em nossas conquistas
Essa reforma,
se concretizada, contraria a realidade política brasileira, na qual a pressão
dos ativistas do combate ao racismo e feministas, no interior dos partidos
políticos e na sociedade, tem ampliado a representação e participação de negros
e mulheres, fazendo com que avance a compreensão de que a superação da opressão
de classe não é suficiente para combater as contradições advindas das relações
desiguais de raça e gênero.
A ação dos
movimentos sociais tem reflexo nas ações de governos, nos municípios, nos
estados e na União, por meio da implementação de políticas públicas que
contribuem, também, para democratizar as relações econômicas e sociais. Mesmo
que tardiamente, elas passam a incorporar as lutas pelo direito à diferença e
pela afirmação das identidades de gênero e raça.
A criação da
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial no governo do
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 21 de março de 2003, Dia
Internacional de Luta contra a Discriminação Racial, foi conseqüência dos
acúmulos construídos, contexto em que nós da CONEN temos a consciência do nosso
papel protagônico. Foi também uma resposta a um anseio histórico do movimento
negro brasileiro, de implementar uma efetiva política de governo que comece a
reparar a dívida social de mais de quinhentos anos com a população negra de
nosso país.
Ações e
políticas como o reconhecimento, certificação e titulação das terras dos
remanescentes de quilombos e a agenda social quilombola; o plano de
implementação da Lei 10.639; o acesso dos estudantes negros e negras às
universidades brasileiras; a Política Nacional de Saúde Integral da População
Negra e o Estatuto da Igualdade Racial; de políticas que são referências para
governos de outros países na América Latina e no continente africano, são
exemplos concretos da necessidade da manutenção e ampliação dessas políticas.
É importante
destacar que as ações e políticas da SEPPIR são executadas com maior ênfase
para a população negra, mas também são dirigidas a outros segmentos étnicos
afetados pela discriminação e demais formas de intolerância como ciganos,
comunidade judaica e comunidade árabe- palestina.
A
concretização de uma reforma ministerial nos moldes apresentados será, com
certeza, um retrocesso em conquistas importantes no campo das políticas
públicas e nas medidas jurídicas e legislativas que ajudaram o Brasil a
compreender que o racismo existe e que a sua superação e a promoção da
igualdade racial são fundamentais para seguir mudando a vida da população
negra, que representa hoje mais da metade da população brasileira.
Brasília, 22
de Outubro de 2011
Coordenação
Nacional de Entidades Negras - CONEN
Seminário
Nacional “CONEN 20 ANOS DE LUTA E CONSTRUÇÃO POLITICA”, realizado durante o
Colóquio Nacional da Saúde da População Negra, com a participação de militantes
e dirigentes da Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN) do Acre,
Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de
Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Distrito Federal.
Recebido de CONEN-SP
Recebido de CONEN-SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário