sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Dilma Rousseff: orgulho da primeira mulher a abrir a Assembleia da ONU


Dilma diz que tem orgulho de ser primeira mulher a abrir assembleia da ONU
Date: 2011-09-19

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (19 agosto 2011), durante o programa semanal de rádio "Café com a Presidenta", que tem "muito orgulho" em ser a primeira mulher a discursar na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, que acontece nesta semana em Nova York. Dilma, que chegou aos Estados na manhã de domingo (18 agosto 2011), discursa na abertura da Assembleia na quarta-feira (21 agosto 2011).

"Eu tenho muito orgulho de ser a primeira mulher, uma mulher brasileira, a abrir a Assembleia Geral da ONU. Vou falar em nome do Brasil para chefes de Estado de 193 países", disse a presidente Dilma. O Brasil tradicionalmente inaugura a assembleia por ter sido o primeiro país a aderir ao organismo internacional, em 1945.


A presidente Dilma também disse que, durante o evento, serão discutidos "temas importantes, como o papel da mulher no mundo, a transparência nas ações dos governos e o combate a doenças crônicas". "E ainda vamos falar sobre a crise econômica mundial. O Brasil tem muito a mostrar em cada um desses temas."

A agenda nos Estados Unidos inclui também uma série de reuniões sobre segurança nuclear, participação das mulheres na política e aquecimento global. Estão previstas ainda reuniões bilaterais com o presidente dos EUA, Barack Obama, da França, Nicolas Sarkozy, do México, Felipe Calderón, e com o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.

Dilma é retratada na capa da revista "Newsweek" que chega às bancas nesta semana. A reportagem, disponível na versão online, aborda a forma como a presidente conduz o governo, fala da repressão à corrupção federal e também mostra um pouco de sua vida pessoal, lembrando que ela divorciou-se duas vezes e, aos 63 anos, é avó.

A reportagem de capa da publicação americana tem com título "Don’t Mess With Dilma" (em tradução literal, "Não mexa com Dilma"). O artigo sobre Dilma é parte de uma série de textos sobre o protoganismo feminino destacado na edição da revista.
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Educação e investimentos - No rádio, a presidente também falou sobre a construção de creches no país. Afirmou que será possível superar a meta estabelecida na campanha eleitoral, de construção de mais de 6 mil creches.

"Nós vamos construir 6.427 creches e pré-escolas em todo o Brasil. Esse esforço para oferecer educação de qualidade para todas as crianças de 0 a 5 anos já começou e está sendo feito em parceria com as prefeituras. Esse ano já aprovamos a construção de 1.400 creches. (...) Isso quer dizer que até 2014 vamos construir e superar aquela meta que foi compromisso da minha campanha, de 6 mil creches", afirmou Dilma no programa de rádio.

Com informações da Agência Brasil e do G1

Extraído de SDH-PR

Para mais, vale consultar Agência Brasil. No campo "Pesquisar por:" é só anotar exatamente, o que está em vermelho - 66 assembleia geral da organização das nações unidas


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O Brasil tem o que dizer, 10 anos depois


O Brasil tem o que dizer, 10 anos depois

A III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância, ocorrida em Durban, África do Sul, de 31 de agosto a 9 de setembro de 2001, completa dez anos. No entanto, as questões que demandaram sua realização continuam a requerer, em todo o mundo, a ação efetiva dos Estados para serem atendidas e superadas. (SEPPIR)


por Luiza Bairros
Ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República

in Correio Braziliense - 09/09/2011

A III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância, ocorrida em Durban, África do Sul, de 31 de agosto a 9 de setembro de 2001, completa 10 anos. Mas as questões que demandaram sua realização ainda requerem a ação dos Estados para serem superadas.

O recrudescimento das intolerâncias em várias partes do mundo deveria atrair a atenção para a Reunião de Alto Nível comemorativa do 10º aniversário da Declaração e Programa de Ação (D&PA) de Durban, que a ONU realiza neste 22 de setembro. Além das reportagens especiais para rememorar a tragédia do 11 de setembro, espera-se que a mídia avalie o que tem sido feito para eliminar o racismo e a discriminação racial.

Deve ser sempre lembrado que a participação brasileira na preparação da Conferência contra o Racismo foi um marco na mobilização das organizações negras. A riqueza das avaliações desencadeadas em todo o país beneficiou-se largamente do esforço das três décadas anteriores.

Da luta que tornara possíveis os avanços da Constituição, passando pelos protestos no centenário da Abolição, em 1988, e a Marcha Zumbi dos Palmares, em Brasília, em 1995, os movimentos negros lograram incluir a superação das desigualdades raciais na agenda política do país.

Em 2001, uma geração de ativistas alcançava a maturidade decorrente do empenho contínuo por cidadania plena e pela visibilização do racismo. As urgências de nossa situação interna motivaram a participação do Brasil naquela conferência, e asseguraram, na volta da África do Sul, os diálogos que, mais tarde, desembocaram nas políticas de ação afirmativa.

A ideia de um movimento negro "engolido" pelo Estado após esse processo seria, portanto, simplificadora de algo mais complexo, posto que não dá conta das múltiplas dimensões envolvidas nessa história recente e que a conferência inequivocamente aprofundou. A partir dela, os membros das Nações Unidas comprometeram-se a fazer do combate ao racismo responsabilidade primária do Estado.

Dez anos se passaram. Diferentemente de muitos países que ainda tentam boicotar a D&PA de Durban, as organizações da sociedade civil e o governo do Brasil terão o que dizer na Reunião de Alto Nível.

Vale destacar que o racismo é crime desde o texto constitucional de 1988. Ademais, o Estatuto da Igualdade Racial, aprovado no ano passado, orientou o Plano Plurianual 2012-2015, que inclui o enfrentamento ao racismo como um de seus programas mais inovadores. O que se faz agora é uma ampla pactuação ministerial para aprofundar a implementação do Estatuto e regulamentar o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), de modo a integrar as ações nas esferas federal, estadual e municipal.

No momento, é necessário assegurar práticas educativas que possam abarcar tanto a escola como os meios de comunicação. Desde a creche, cujo acesso a presidente Dilma Rousseff quer universalizar, urge disseminar valores do pluralismo, alargando a noção do humano entre nós. Isso equivale a reverter representações desumanizadoras que atravessam nossa cultura desde o período colonial e estão na base das desvantagens sociais de negros e indígenas.

O autor de recente chacina na Noruega, Anders Breivik, afirmou a impossibilidade de progresso no Brasil dada a composição étnico-racial da população. Velhas ideias de superioridade racial que encontram novos adeptos, aqui e no exterior. Por essa visão, os obstáculos ao desenvolvimento residiriam no interior das pessoas, em sua presumida inferioridade e não em razões objetivas e externas a elas.

Por isso, há quem acredite que os espaços abertos pelo crescimento da economia brasileira não deveriam ser ocupados por "canavieiros, donas de casa e sacoleiros". A sugestão recorrente seria a substituição do trabalhador brasileiro, tido como desqualificado, pela mão de obra "altamente especializada". E, se não há tempo suficiente, ou a educação nada pode fazer nesses casos, os trabalhadores ideais só poderiam ser buscados em outros países.

Essa visão, contrária ao rumo buscado pelas iniciativas de erradicação da pobreza extrema e de expansão do acesso à educação técnica e superior, opõe-se também à declaração e ao programa de ação de Durban, que reforçam o direito de todos de participar, sem discriminação, da vida social e política do seu país.

Extraído de Clipping MP


sábado, 17 de setembro de 2011

CCR - CUT-RJ entrega Diploma Lélia Gonzalez 2011


Diploma Lélia Gonzalez: "As mulheres negras como primeiras da fila"
sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Em evento marcado por forte emoção, a CUT-RJ entregou ontem (13 de setembro), no auditório da central, o diploma Lélia Gonzalez, segunda edição de uma homenagem da central às mulheres negras com papel destacado na luta em defesa da classe trabalhadora e contra discriminação racial.

Na abertura dos trabalhos, a secretária do Combate ao Racismo da CUT-RJ, Glórya Ramos, lembrou a luta histórica da mulher negra para criar filhos, trabalhar, se formar e lutar pela emancipação e pelo empoderamento no Brasil e no mundo, enfatizando o papel de Lélia Gonzalez na demarcação dos interesses específicos da mulher negra no âmbito da luta feminista.


O ex-deputado federal Carlos Alberto Caó, autor da lei que estabelece punição severa para crimes de racismo, compareceu à aitividade, que foi precedida por uma reunião do Coletivo de Combate ao Racismo da CUT-RJ. Marcaram presença também a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-RJ, Virgínia Berriel, a secretária da Juventude, Greice Assis, o secretário de Relação de Trabalho, Marcello Azevedo, e o diretor Jadir Baptista, que fez uma saudação em nome da direção da central.

Este ano as premiadas com  o diploma Lélia Gonazalez foram Delfina de Souza (que não pôde comparecer e foi representada por Leila Santos, do Sindpd-RJ); Ilma de Souza, que agradeceu a Deus e a seus familiares, "especialmente a meu filho e a todos os afrodescendentes por eu ter chegado até aqui; "Edna Sacramento (agraciada pela segunda vez), do Sinttel, que fez um relato de sua trajetória de lutas partir da constatação de que é como portadora de LER (Lesão por Esforços Repetitivos); Selma Balbino (também premiada de novo), presidente do Sindicato dos Aeronautas, que denunciou preconcento racial por parte de integrante de sua própria categoria, quando manifestou a intenção de se lançar candidata a presidente de sua entidade; e Luiza Dantas, do Sintsaúde, que fechou seu discurso, como última premiada da noite, de uma forma que tocou a todos:

- Como mulher negra, que passou por tantas dificuldades na vida, cansada de ser a última da fila, hoje eu faço a minha própria fila: "Sempre que estou com sede, na rua, a minha preferência para comprar uma água mineral, por exemplo, é por uma vendedora ambulante negra. Eu formo a minha própria fila. E as mulheres negras estão em primeiro lugar na minha fila - proclamou Luiza.

Fonte: site da CUT Rio de Janeiro, em 14/09/2011.

Extraído de Articulando Educadores

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Cynthia McKinney, direto da Líbia

Cynthia McKinney, direto da Líbia

September 2, 2011

Cynthia McKinney foi a primeira deputada negra eleita na Georgia. 
Foi deputada durante seis legislaturas pelo
Partido Democrata de 1986 até 2007. 
Foi candidata à presidência pelo
Partido Verde dos EUA, em 2008. 

Um dia depois de rebeldes apoiados por EUA/OTAN terem invadido Trípoli, Cynthia McKinney falou, na Universidade Estadual de Cleveland, no centro de Cleveland, sobre sua viagem à Líbia, em missão para recolher informações. A palestra do dia 22/8, que estava agendada há semanas, desde muito antes dos dramáticos eventos em Trípoli, é parte da viagem por 21 cidades, que a deputada que exerce seu 6º mandato e foi candidata à presidência dos EUA pelo Partido Verde. 

Recebida e escoltada por uma guarda de honra do Partido dos Novos Panteras Negras vestidos de preto e com boinas pretas, McKinney começou sua palestra mostrando semelhanças entre o modo como a imprensa-empresa dominante repetidamente mentiu ao povo norte-americano sobre a Líbia, e frases do ministro da Propaganda do estado nazista Joseph Goebels – “Se uma mentira é repetida mil vezes, o público acabará por acreditar”. Como termo de comparação, lembrou uma frase de Muammar Gaddafi: “Uma verdade que se diga ao povo esmaga mil mentiras”. 

Disse que, desde a guerra hispano-americana, a imprensa-empresa dos EUA tem sido cúmplice dos objetivos da guerra imperialista dos governos dos EUA. Citou exemplos recentes, como a propaganda que levou à Guerra do Vietnã, à Guerra do Golfo e à Guerra do Iraque. 

A palestra foi patrocinada por uma coalizão ad hoc de várias organizações da área da grande Cleveland. Entre os patrocinadores estão a Coalizão de Ação pela Paz de Cleveland, o Partido dos Novos Panteras Negras, as organizações Nação do Islã, Direito de Retorno aos Palestinos, a Associação Árabe-Americana de Cleveland, o grupo Código Pink e a União de Estudantes Negros, dentre outras.
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Como a confirmar o que McKinney dissera, no dia seguinte à sua palestra em Cleveland Saif al-Islam, filho mais velho de Muammar Gaddafi, que a imprensa-empresa informara que fora capturado pelos rebeldes, apareceu em Trípoli, perfeitamente livre, e falou com jornalistas. Mais tarde, os rebeldes noticiaram que, ninguém sabia como, Saif escapara da prisão. A história dessa miraculosa fuga não foi repercutida nos jornais e televisões, que passou a dedicar-se, com estardalhaço, à invasão do complexo onde Gaddafi vivia em Trípoli, bombardeado ininterruptamente durante vários dias pelos jatos da OTAN.

“Desde a guerra hispano-americana, a imprensa-empresa dos EUA tem sido cúmplice dos objetivos da guerra imperialista dos governos dos EUA”.

Quando a rebelião eclodiu, McKinney estava na Líbia, participando de uma Conferência Panafricana para africanos da diáspora. Foi convidada para a Conferência, como resultado de ter participado do movimento da Flotilhas da Paz que tentaram chegar a Gaza. Ela falou sobre aquela experiência. 

Na primeira tentativa de levar ajuda humanitária a Gaza, o barco em que ela estava foi abordado por um barco de guerra israelense, em águas internacionais, no meio do Mediterrâneo. Contou que ninguém sabia se sobreviveria ao ataque. A experiência foi particularmente assustadora, porque, disse ela, não sabe nadar. Disse que os sacrifícios pelos quais passaram alguns de seus heróis, como Martin Luther King, Jr., Fred Hampton e Malcolm X, serviram-se lhe amparo e inspiração durante aquela provação. 

Na segunda viagem, sempre tentando chegar a Gaza, foi seqüestrada por soldados israelenses e mantida numa prisão, em Israel, por sete dias. Inspirada na “Carta de uma Prisão em Birmingham”, de Martin Luther King Jr., escreveu sua “Carta de uma prisão israelense”, dia 6/7/2009. 

Disse que as matérias jornalísticas que falavam de ataques, pelas forças de Gaddafi, contra “manifestantes pacíficos” foram mentiras criadas pela imprensa-empresa, para servir como pretexto para a guerra. Segundo McKinney, os chamados ‘rebeldes’ estavam sendo financiados e armados pela OTAN e por Forças Especiais israelenses, para gerar agitação e iniciar um movimento para derrubar o governo de 41 anos de Gaddafi. 

McKinney diz que as notícias distorcidas publicadas pela imprensa-empresa, de atrocidades que teriam sido cometidas por Gaddafi foram imediatamente desmentidas pela Anistia Internacional. Em relatório de investigação feita dia 2/7/2011, sobre os crimes dos quais Gaddafi está sendo acusado e que podem levá-lo a julgamento pela Corte Internacional, a Anistia Internacional diz que não encontrou qualquer evidência que comprove a veracidade das acusações. Mas a Anistia Internacional encontrou provas, sim, de que os rebeldes estavam fabricando ‘provas’ falsas.

A “ajuda humanitária” acabou por se converter em bombardeio ininterrupto contra a Líbia por aviões da OTAN, inclusive contra Trípoli, cidade de 2 milhões de habitantes. McKinney disse que só numa noite, durante o bombardeio de Trípoli, contou 89 explosões.

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O governo de Barack Obama foi o principal incentivador dessa guerra, com os governos de Grã-Bretanha, França e Canadá. “Diferente de governos anteriores, incluindo os dois governos Bush, a Casa Branca de Obama recusou-se a pedir autorização ao Congresso para enviar o exército dos EUA à guerra contra a Líbia.” Como desculpa, Obama disse que não era guerra, mas apenas ‘ação militar cinética’.” 

O deputado Republicano de Ohio, Dennis Kucinich, disse, na ocasião, que, ao ignorar a “Lei dos Poderes de Guerra” Obama cometeu crime que justificaria ação de impeachment do presidente. (...) 

McKinney, que foi a primeira negra a representar a Georgia na Câmara de Deputados, foi a única congressista a questionar as circunstâncias suspeitas que envolvem os ataques do 11/9 – usados para justificar a Guerra do Afeganistão e a mais ampla “guerra ao terror”. Por causa desses questionamentos sobre o papel do governo Bush no 11/9, os bushistas, coordenados pelo AIPAC (American-Israeli Public Affairs Committee), injetaram centenas de milhares de dólares na campanha eleitoral de sua concorrente nas primárias do Partido Democrata, Denise Majette. Segundo McKinney, os doadores do AIPAC, muitos deles de fora do estado, aplicaram mais de $1 milhão para derrotá-la em 2002. 

Em 2004 McKinney voltou a ser eleita, mas foi novamente impedida de concorrer nas primárias de 2006, depois de um incidente no qual um segurança do Capitólio impediu-a de entrar no prédio porque ela não estava usando na lapela o pequeno broche de congressista. Em declaração no inquérito policial, o policial acusou McKinney de tê-lo esmurrado. O incidente saltou para as manchetes. Seus companheiros de Partido e vários líderes de movimentos pelos direitos civis desertaram e não a apoiaram. 

Dessa vez, sua adversária arrecadou, num só dia, de doadores milionários, mais de 100 mil dólares. Depois de derrotada pela segunda vez, McKinney deixou o Partido Democrata. Em 2008, concorreu, pelo Partido Verde, à presidência dos EUA, contra Barack Obama e John McCain.

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McKinney listou várias razões pelas quais a derrubada de Gaddafi era interessante, do ponto de vista das potências ocidentais e de Israel. Primeira, e principal, a Líbia é país riquíssimo em recursos naturais, principalmente petróleo e água. A Líbia tem a maior reserva de petróleo da África. Está em território líbio, também, o Grande Rio Subterrâneo, o maior projeto de dutos subterrâneos e aquedutos construído com recursos exclusivamente líbios, para abastecer com água potável cidades e vilas do deserto e que abastece também o litoral mediterrâneo. 

Sob o governo de Gaddafi, a Líbia converteu-se em importante oportunidade de negócios e investimentos para os chineses. Nos primeiros dias do bombardeio da OTAN, a China evacuou rapidamente cerca de 36 mil trabalhadores. Quando a ONU aprovou a implantação de uma zona aérea de exclusão na Líbia, China e Rússia poderiam ter vetado, mas não o fizeram, apoiando de fato o bombardeio da Líbia. Ainda não se sabe por que não vetaram. 

Para McKinney, uma das principais razões pelas quais Gaddafi foi atacado foi o empenho de seu governo em promover o desenvolvimento de uma África unida. Segundo ela, o governo de Gaddafi oferecia cerca de $90 bilhões em assistência econômica a países africanos. Destacou o fato de que Gaddafi financiou forças antiapartheid na África do Sul. 

No governo de Gaddafi, disse McKinney, os líbios tinham assistência médica pública, universal e gratuita, educação gratuita até a universidade e programas para aquisição de moradias, sem juros. Como Castro em Cuba e Chavez na Venezuela, Gaddafi representa uma ameaça ideológica à oligarquia global capitalista, garantindo meios alternativos de desenvolvimento para povos do Terceiro Mundo. Por isso foi demonizado pela imprensa-empresa ocidental e, também por isso, foi derrubado. 

McKinney acredita que a chamada “Primavera Árabe” nada mais é que a aplicação de políticas planejadas por destacados neoconservadores no documento “A Clean Break: A New Strategy for Securing the Realm”.[4] Esse documento foi redigido para o governo de Israel por um grupo liderado pelo ex-vice-secretário de Defesa de Reagan, Richard Perle. “A Clean Break” prega derrubada de governos em todo o Oriente Médio, para promover a hegemonia de Israel na região e permitir que Israel expanda seu território. Lá se recomenda a ‘troca de regime’ no Iraque, nos territórios palestinos, no Líbano, Síria e Irã. 

As ideias de “A Clean Break” foram expostas em reunião no Pentágono, apenas 10 dias depois do 11/9, da qual participou o general Wesley Clark. Segundo Clark, o Pentágono tem planos prontos para atacar sete países: Iraque, Síria, Líbano, Líbia, Somália, Sudão e Irã. 

Ao final da palestra, quando se ouviram perguntas do auditório, um dos presentes (cerca de 200 pessoas, metade de negros norte-americanos), perguntou se McKinney entendia que Barack Obama deva ser acusado por crime de guerra. Ela respondeu imediatamente: “Sim, é claro. Claro que sim.” Foi ovacionada, aplaudida de pé. 

Tradução: Vila Vudu 
Publicado no site amarchaverde

Original em Bob Baldwin, The Bloomington Alternative 

Recebido de Sérgio Caldieri, a quem agradecemos.