Manifestamos neste sentido, a preocupação em 
relação à fragilização da política de atenção integral à saúde das mulheres, 
concebida na década de 1980 e aprimorada na década passada, a qual se ancora na 
equidade e  considera as mulheres na 
sua diversidade de gênero, raça e etnia, idade, orientação sexual, condição 
específica, entre outras, e onde os direitos sexuais e direitos reprodutivos são 
parte inseparável. 
Esta fragilização se expressa no 
enfraquecimento da Área Técnica da Saúde da Mulher do Ministério da Saúde; no 
financiamento à saúde das mulheres de forma que não possibilita seu 
monitoramento; e na baixa qualidade da atenção.  O modelo de atenção disseminado no país 
ainda permite práticas de violência e racismo institucional e que haja espaço 
para a negação do atendimento a mulheres em situação de abortamento por 
intolerância religiosa de profissionais.
A descentralização, diretriz 
desejável para as políticas públicas, não tem sido garantidora de atenção a 
mulheres dos diversos cantos do país, prevalecendo a baixa qualidade no 
atendimento pré-natal, de saúde mental, do câncer, HIV e outras 
morbidades.
Reafirmamos: a Política de Atenção Integral à 
Saúde da Mulher (PNAISM), a Política Nacional de Saúde Integral da População 
Negra, a atenção integral à saúde das mulheres indígenas, a implementação das 
diretrizes de assistência à saúde das mulheres lésbicas, bissexuais e daquelas 
que se encontram privadas de liberdade,  
deficientes, mulheres vivendo com HIV, idosas e 
jovens.
Criticamos a estratégia da Rede Cegonha, 
reconhecendo suas qualidades, por suas omissões em relação aos temas da 
violência sexual e aborto inseguro, e sobretudo porque é uma política de caráter 
materno-infantil que vem ocupar o papel central nas políticas para a saúde das 
mulheres. Ao não abordar importantes aspectos da mortalidade materna, poderá 
constituir-se em instrumento de baixa eficácia para seu objetivo de atingir as 
Metas do Milênio, já bastante comprometido.
A continuidade da atual legislação 
que criminaliza as mulheres que abortam nos mantém em alerta em relação ao 
caráter do estado brasileiro. 
Defendemos um estado laico e democrático, a 
descriminalização do aborto e a sua legalização como um direito das mulheres à 
sua autonomia sexual e reprodutiva.
A violência contra as mulheres, em 
especial a violência sexual e seus impactos na saúde física, psíquica, sexual e 
reprodutiva, exige medidas urgentes para seu enfrentamento e não admite a 
omissão do estado brasileiro frente ao direito a uma vida sem violência. É necessária a implantação de uma rede 
de atendimento e de serviços de aborto legal em todo o país, assim como o acesso 
ao medicamento misoprostol, que salva a vida das mulheres. Que as pactuações a 
serem realizadas pelo Ministério da Saúde em relação à violência sexual integrem 
as ações da PNAISM, fortalecendo-a.
Reafirmamos a importância das execuções das 
ações do Plano de Enfrentamento à Feminização da Aids e outras DSTs, 
nacionalmente e nos Estados brasileiros. 
Por fim, nos posicionamos em defesa do Sistema Único 
de Saúde – SUS – pela sua manutenção público e universal, e na garantia de seu 
financiamento com a regulamentação da Emenda Constitucional 29 no Senado e seu 
cumprimento pela União (10%), Estados (12%) e Municípios (15%) do 
PIB.
Em unidade e respeitando nossa 
diversidade, nos comprometemos a desenvolver ações conjuntas em defesa da 
cidadania e dos direitos humanos das mulheres brasileiras. 
Porto 
Alegre, 30 de Setembro de 2011
Rede 
Nacional Feminista de Saúde Direitos 
Sexuais e
                         Direitos Reprodutivos
Rede de 
Saúde das Mulheres Latinoamericanas e do 
Caribe
Rede de 
Mulheres Afrolatinocaribenhas e da 
Diáspora 
Articulação de 
Organizações de Mulheres Negras Brasileiras
              
Articulação de Mulheres Brasileiras
União 
Brasileira de Mulheres
Associação 
Brasileira de Enfermagem
Plataforma Dhesca 
Brasil
CONAMI 
– Conselho Nacional de Mulheres Indígenas
Capítulo 
Brasileiro ICW Latina
Liga 
Brasileira de Lésbicas
Jornadas 
Brasileiras pelo Aborto 
Legal e Seguro
Campanha 28 de 
Setembro pela Despenalização do Aborto
                         na AL e Caribe
Integrantes da 
Frente pela Descriminalização das Mulheres
                         e Legalização do Aborto
Rede 
Nacional de Comunicação
Rede 
Mulher e Mídia
Relatoria 
do Direito à Saúde da Plataforma Dhesca
Rede 
Nacional de Parteira Tradicionais
Rede de 
Mulheres Negras do paraná
Movimento 
Negro Unificado
Observatório 
pela Implementação da Lei Maria da Penha
Conselheiras 
do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher
Conselheiras 
do Conselho Nacional de Saúde e CISMU
Campanha 
Ponto final na Violência contra Mulheres e Meninas
Campanha 
Mulheres não Esperam Mais - Violência e HIV -
Campanha 
por uma Convenção Interamericana dos Direitos
          Sexuais e Direitos 
Reprodutivos
Campanha 
Mais Paz e Menos 
Aids
Federação de 
Bandeirantes do Brasil  
Fórum 
de Mulheres da Amazônia Paraense  
Fórum de 
Mulheres de Pernambuco 
Fórum de 
Mulheres de Porto Alegre
Fórum 
Feminista do Rio de Janeiro
  
Fórum de 
Mulheres de Imperatriz (MA)
Fórum 
Tocantinense de Mulheres
Fórum dos 
Pontos de Cultura da Comissão Nacional dos
          Pontos de Cultura
Fórum de 
Violência (PE)
Fórum 
Paraibano de Defesa do SUS
Maria 
Mulher Organização de Mulheres Negras (RS)
Coletivo 
Feminino Plural (RS)
Associação 
Lésbica Feminista de Brasília Coturno de Vênus
Grupo Cactus 
(PE)
Centro de 
Promoção da Cidadania e Defesa do Direitos
          Humanos 
(MA)
Movimento do 
Graal (MG)
MNEPA 
(PA)
Criola 
(RJ)
Associação 
Cultural de Mulheres Negras 
(ACMUN)
Núcleo de 
Estudos sobre Mulher e 
Gênero da PUCRS
FORMA/RS
NEIM/UFBA
ALFRS
Instituto da 
Mama do RS
Associação 
Gaúcha de Anemia Falciforme
Casa 
Mãe Andresa (São Luis)
Conselho 
Municipal de Saúde de Porto Alegre
 Associação Ilê 
Mulher (RS)
Associação 
Casa da Mulher Catarina (SC)
Espaço 
Mulher (PR)
 Angola Janga 
SOS 
Corpo
Núcleo de 
Gênero e Raça 
do Sindicato dos Jornalistas do RS
Conselho 
Municipal de Direitos Humanos de Porto Alegre
Centro de 
Estudos do Trabalho do Ceará
 Movimento 
Meninas Feministas – Mercosul
Núcleo 
Interdisciplinar de Estudos sobre Mulher e 
Gênero – UFRGS
Nepo/Unicamp
IMAIS
Cunhã 
Feminista (PB)
Malunga 
(GO)
Jovens 
Feministas Negras do RS
 Imena 
Instituto das Mulheres Negras do Amapá (Amapá)
Cidadãs 
Positivas (DF)
Coletivo 
Feminista Sexualidade e Saúde de São 
Paulo
Comissão 
de Cidadania e Reprodução (SP)
CIM – 
Centro de Informação à Mulher (SP)
Mocambo 
(PA)
 Pretas 
Candangas (DF)
Ativistas da 
Marcha Mundial de Mulheres
Centro 
Popular da Mulher de Goiás
Cais do 
Parto (PE)
Mocambo 
(POA)    
 Movimento 13 de 
Maio
Transas do 
Corpo (GO)    
 Hospital da 
Mulher (CE)      
Casa 
Lilás 
(POA)        
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