quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Novo romance sobre a Rainha Nzinga

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Reeditado romance sobre a Rainha Nzinga em Paris

Historia de Angola Norte-americana reedita romance sobre a Rainha Nzinga, em Paris

A referida obra intitulada “Nzingha, Princesa Africana” da autoria da afro-americana Patricia C. McKissack, acaba, portanto, de ser republicada, na sua versão francesa, nas edições Gallimard, na sua coleção Juventude.

Este novo lançamento intervém, alguns dias apos a realização, em Roma, na Itália, de um Colóquio Internacional sobre a Dupla Soberana.

Estalando-se sobre uma centena de paginas e traduzida do original “Nzingha: Warrior Queen of Matamba” pela Marie Saint-Dizier, este “livrinho” tem a particularidade de colocar a trama da reconstituição romanesca sobre a princesa de Kabasa, sobre dois anos, de 1595 a 1596, período, crucial, da adolescência da futura soberana de Ndongo e Matamba.

A ilustração da capa da obra propõe um novo pseudo-retrato da filha de Ngola Mbandi; este, visivelmente, afro-americanizado pelo desenhador francês Henri Galeron, sob um fundo, tramado, resultando de um tecido de rafia, fotogrado pelo italiano Berezzi.


A autora desenvolve a história da, já, temerária “jaga” por pequenos capítulos, permitindo, assim, uma leitura agradável e africana do romance, com uma evolução cronológica ligada a “mbangala”, a estação seca, a das ervas queimadas, e a plena lua .

Escrito sob a forma de um Jornal intimo, sob a pena da jovem princesa, o livro da conta da sua visão da situação política do seu pais e das territórios vizinhos, uma dezena de anos apos a ocupação pelos Portugueses, de uma parte do Reino e a criação, subsequente, forcada, sobre esta terra, da Colônia de Angola, donde partira a expansão mercantilista lusitaniana das regiões oeste da África Central.

Encontram-se detalhes sobre vários aspectos da vida da adolescente tais como os relativos às relações com o seu pai, o Kiluanji, o estado do seu relacionamento com os outros membros da sua família, a sua sede do saber, a sua formação ao domínio dos provérbios, a sua aprendizagem a ajustar flechas, o seu conhecimento das plantas curativas, as consultas de previsão do seu futuro político, as suas primeiras preferências amorosas, a sua concepção da resistência e a atenção acordada a defesa militar do Ndongo.

Auto-Estima

Aprende-se, igualmente, a sua clarividência política, as suas reservas sobre o Padre italiano Cavazzi, a sua apreciação sobre a nocividade das intrigas políticas, a sua franqueza precoce, a sua forte corpulência física, a sua coragem individual, a sua inserção no sistema de segurança do Reino e a sua aversão das campanhas de captura de escravos destinados a exportação.

Em suma, Patricia C. McKissack, originária de Nashville, no Tennessee, genitora de um outro best-seller, “Sou uma escrava” partilha “O Jornal” da adolescente do vale do Kwanza, no exercício de alta reapropriação histórica, de enriquecimento cultural e de auto-estima.

O mérito da reedição deste “livrinho” e, eminentemente, pedagógico, porque permite aos jovens francófonos do mundo de descobrir as condições de formação da extraordinária personalidade de Nzingha-Nzingha.

Esta obra deve, naturalmente, ser traduzida em português, para os jovens angolanos e não só, na senda das pertinentes recomendações do Colóquio Internacional sobre a Rainha, que teve lugar em Roma, na Itália, recentemente.

Esta republicação, numa coleção, reagrupando figuras de princesas tão prestigiosas que Marie-Antoinette, a austríaca de Versailles ou Cleópatra, a egípcia, a sublime filha do Nilo, confirma, também, a estatura universal da “Dona de Angola”, figura lendária, verdadeira Patrimônio da Humanidade.

Por
Simao SOUINDOULA
Historiador/ Perito UNESCO

Recebido de Anna Lúcia Florisbela, em abril 2010, a quem agradecemos.
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