sábado, 24 de outubro de 2009

Sandra Carvalho e Justiça Global: prêmio internacional de direitos humanos

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Reconhecimento à luta pelos direitos humanos

Sandra Carvalho recebe prêmio internacional de direitos humanos

Diretora da Justiça Global está em Nova Iorque, onde recebeu em 22 de outubro homenagem oferecida pela Human Rights First. É a primeira vez que a HRF homenageia um brasileiro

A militância de Sandra Carvalho em direitos humanos é uma história de grandes desafios e conquistas valorosas. Uma história que se cruza com o caminho trilhado pela Justiça Global, organização que ajudou a fundar em novembro de 1999. Durante esses dez anos, a Justiça Global se firmou como uma das entidades mais respeitadas na luta pelos direitos fundamentais do ser humano e incidiu de maneira decisiva em questões centrais para o país. A postura da organização em seu trabalho é reflexo direto da maneira que Sandra se acostumou a fazer política. A lealdade com parceiros, o respeito na relação com vítimas de violência, o destemor frente às ameaças, a fibra e o vigor inflexível na batalha contra injustiças e crimes cometidos por agentes do Estado, e, sempre, a valorização da vida antes de tudo, são características que a Justiça Global herdou diretamente da militância de Sandra.

Nesta quinta-feira, dia 22 de outubro de 2009, a luta de Sandra Carvalho na promoção e proteção dos direitos humanos no Brasil foi mais uma vez reconhecida. Juntamente com o ativista Principe Gabriel Gonzalez, que atua na defesa dos direitos de presos políticos na Colômbia, Sandra recebeu o Prêmio Anual de Direitos Humanos da organização internacional Human Rights First (HRF). A cerimônia de premiação foi no Chelsea Piers, um centro de convenções na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos.

A Human Rights First é uma organização de direitos humanos fundada em 1978. O Prêmio Anual de Direitos Humanos é concedido desde 1986 a pessoas que se destacam na “luta pela igualdade e pela liberdade de pensamento, de expressão e pela liberdade religiosa em suas sociedades”. Entre as personalidades que já receberam a homenagem estão o ex-senador norte-americano Edward Kennedy, as ativistas paquistanesas Asma Jahangir e Hina Jilani, que ocupam altos cargos na ONU, e a ex-presidente da Irlanda, Mary Robinson, que foi alta-comissária de direitos humanos das nações unidas.

No texto de divulgação, a HRF destacou o trabalho de Sandra no combate à violência policial e aos grupos de extermínio, na luta pela reforma agrária e na fiscalização aos abusos e crimes cometidos pelo Estado dentro do sistema prisional, além de sua importante atuação nas denúncias contra a perseguição e a criminalização dos movimentos sociais e defensores de direitos humanos no Brasil. A HRF lembrou, ainda, as diversas ameaças de morte endereçadas a Sandra desde o início de sua militância.



A Militância de Sandra Carvalho


Sua trajetória em direitos humanos começou no início da década de 1990, quando ainda era estudante de ciências Sociais e trabalhava como pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV) e como estagiária da Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos (CTV). Logo de início, teve atuação destacada no caso do Cemitério Dom Bosco, em Perus, na cidade de São Paulo, onde foram encontradas ossadas de presos políticos em uma vala comum.

Em 1992, Sandra integrou a comissão que entrou no presídio do Carandiru logo após o a chacina de 111 presos e que, constatando as evidências de que havia ocorrido um massacre, teve atuação fundamental para impedir a descaracterização do cenário do crime e garantir a presença da perícia técnica. A partir de então, Sandra se especializou na área de segurança pública e voltou seu trabalho no NEV para a reforma das polícias e do sistema penitenciário brasileiro. Em 1993, já era coordenadora executiva da CTV.

Durante toda a década de 90, a militância de Sandra Carvalho esteve focada na fiscalização de crimes e abusos cometidos por policiais em São Paulo. Ganhou notoriedade ao denunciar grupos de extermínio, chacinas e locais utilizados para extorsão, tortura e desova de cadáveres. Já era Coordenadora Executiva da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Assembléia Legislativa de São Paulo (ALESP) quando teve atuação fundamental na onda de rebeliões na FEBEM, em 1999.

Ainda no mesmo ano, ajudou a fundar a Justiça Global e consolidou sua trajetória na luta por direitos humanos. Sob sua direção, a organização conquistou importantes vitórias. Hoje, a Justiça Global atua em 13 estados da federação e, além de questões que envolvem segurança pública, trabalha também pela garantia da proteção a defensores de direitos humanos que sofrem ameaças e a movimentos sociais que são criminalizados e perseguidos. Além disso, a promoção do acesso à justiça para vítimas de violações de DH e o respeito pleno aos direitos econômicos, sociais e culturais – especialmente no que diz respeito ao direito à terra – são compromissos da Justiça Global que Sandra Carvalho, nesses dez anos, vem ajudando a reafirmar.

Extraído de Justiça Global


Entrevista à Rede Globo, pelo telefone, sobre o prêmio


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