sábado, 25 de setembro de 2010

Quanto custa manter um cidadão preso?

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Cada cidadão preso custa mais de 1.300 reais mensais ao governo

Pesquisa mostra o quanto anda o sistema prisional e a polícia federal no Brasil

De 14 a 16 de setembro, esta semana que passou, tivemos a chance de participar do décimo nono Congressso Nacional dos Policiais Federais, o CONAPEF.

Na oportunidade, chamou a atenção a preocupação de juízes e delegados com o estado atual do nosso sistema prisional e o que se pode esperar para um futuro próximo.

O juiz federal Odilon de Oliveira pesquisou alguns dados sobre o sistema prisional brasileiro em relação à América do Sul. Por exemplo, em toda a América do Sul temos cerca de 750 mil presos. Destes, 430 mil estão no Brasil, gerando um custo mensal de 567 milhões de reais. Cada preso custa mais de 1.300 reais mensais. Mais do que a renda de muito trabalhador brasileiro honesto.

Por outro lado, o juiz Odilon mostra o quanto estamos defasados em termos de quantidade de policiais federais. Para uma fronteira continental como a do Brasil, temos apenas 8.600 delegados e agentes quando o mínimo ideal deveria ser de 17 mil, ou seja, praticamente o dobro. Não vamos nos esquecer que tanto drogas quanto armas entram no país por essas fronteiras e a guarda delas é fundamental para a nossa segurança.

Clique aqui para conferir os dados que o juiz Odilon de Oliveira apresentou no XIV CONAPEF
17/9/2010

Extraído de A Voz do Cidadão
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Mãe >&< prazer sexual

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Repulsa ao sexo

por Maria Rita Kehl
Estadão - 18/09/2010

Em sua coluna semanal, a psicanalista e escritora Maria Rita Kehl aborda com clareza e serenidade o polêmico e delicado tema da descriminalização do aborto em época de eleições.

"Entre os três candidatos à Presidência mais bem colocados nas pesquisas, não sabemos a verdadeira posição de Dilma e de Serra. Declaram-se contrários para não mexer num vespeiro que pode lhes custar votos. Marina, evangélica, talvez diga a verdade. Sua posição é tão conservadora nesse aspecto quanto em relação às pesquisas com transgênicos ou células-tronco.

Mas o debate sobre a descriminalização do aborto não pode ser pautado pela corrida eleitoral. Algumas considerações desinteressadas são necessárias, ainda que dolorosas. A começar pelo óbvio: não se trata de ser a favor do aborto. Ninguém é. O aborto é sempre a última saída para uma gravidez indesejada. Não é política de controle de natalidade. Não é curtição de adolescentes irresponsáveis, embora algumas vezes possa resultar disso. É uma escolha dramática para a mulher que engravida e se vê sem condições, psíquicas ou materiais, de assumir a maternidade. Se nenhuma mulher passa impune por uma decisão dessas, a culpa e a dor que ela sente com certeza são agravadas pela criminalização do procedimento. O tom acusador dos que se opõem à legalização impede que a sociedade brasileira crie alternativas éticas para que os casais possam ponderar melhor antes, e conviver depois, da decisão de interromper uma gestação indesejada ou impossível de ser levada a termo.

Além da perda à qual mulher nenhuma é indiferente, além do luto inevitável, as jovens grávidas que pensam em abortar são levadas a arcar com a pesada acusação de assassinato. O drama da gravidez indesejada é agravado pela ilegalidade, a maldade dos moralistas e a incompreensão geral. Ora, as razões que as levam a cogitar, ou praticar, um aborto, raramente são levianas. São situações de abandono por parte de um namorado, marido ou amante, que às vezes desaparecem sem nem saber que a moça engravidou. Situações de pobreza e falta de perspectivas para constituir uma família ou aumentar ainda mais a prole já numerosa. O debate envolve políticas de saúde pública para as classes pobres. Da classe média para cima, as moças pagam caro para abortar em clínicas particulares, sem que seu drama seja discutido pelo padre e o juiz nas páginas dos jornais.

O ponto, então, não é ser a favor do aborto. É ser contra sua criminalização. Por pressões da CNBB, o ministro Paulo Vannuchi precisou excluir o direito ao aborto do recente Plano Nacional de Direitos Humanos. Mas mesmo entre católicos não há pleno consenso. O corajoso grupo das "Católicas pelo direito de decidir" reflete e discute a sério as questões éticas que o aborto envolve.

Conceito de "humano"

O argumento da Igreja é a defesa intransigente da vida humana. Pois bem: ninguém nega que o feto, desde a concepção, seja uma forma de vida. Mas a partir de quantos meses passa a ser considerado uma vida humana? Se não existe um critério científico decisivo, sugiro que examinemos as práticas correntes nas sociedades modernas. Afinal, o conceito de humano mudou muitas vezes ao longo da história. Data de 1537 a bula papal que declarava que os índios do Novo Continente eram humanos, não bestas; o debate, que versava sobre o direito a escravizar-se índios e negros, estendeu-se até o século 17.

A modernidade ampliou enormemente os direitos da vida humana, ao declarar que todos devem ter as mesmas chances e os mesmos direitos de pertencer à comunidade desigual, mas universal, dos homens. No entanto, as práticas que confirmam o direito a ser reconhecido como humano nunca incluíram o feto. Sua humanidade não tem sido contemplada por nenhum dos rituais simbólicos que identificam a vida biológica à espécie. Vejamos: os fetos perdidos por abortos espontâneos não são batizados. A Igreja não exige isso. Também não são enterrados. Sua curta existência não é imortalizada numa sepultura - modo como quase todas as culturas humanas atestam a passagem de seus semelhantes pelo reino desse mundo. Os fetos não são incluídos em nenhum dos rituais, religiosos ou leigos, que registram a existência de mais uma vida humana entre os vivos.

Ambiguidade da igreja católica

A ambiguidade da Igreja que se diz defensora da vida se revela na condenação ao uso da camisinha mesmo diante do risco de contágio pelo HIV, que ainda mata milhões de pessoas no mundo. A África, último continente de maioria católica, paupérrimo (et pour cause...), tem 60% de sua população infectada pelo HIV. O que diz o papa? Que não façam sexo. A favor da vida e contra o sexo - pena de morte para os pecadores contaminados.

Condenação à liberdade sexual das mulheres ou "mãe" não combina com sexo!

Ou talvez esta não seja uma condenação ao sexo: só à recente liberdade sexual das mulheres. Enquanto a dupla moral favoreceu a libertinagem dos bons cavalheiros cristãos, tudo bem. Mas a liberdade sexual das mulheres, pior, das mães - este é o ponto! - é inadmissível. Em mais de um debate público escutei o argumento de conservadores linha-dura, de que a mulher que faz sexo sem planejar filhos tem que aguentar as consequências. Eis a face cruel da criminalização do aborto: trata-se de fazer, do filho, o castigo da mãe pecadora. Cai a máscara que escondia a repulsa ao sexo: não se está brigando em defesa da vida, ou da criança (que, em caso de fetos com malformações graves, não chegarão a viver poucas semanas). A obrigação de levar a termo a gravidez indesejada não é mais que um modo de castigar a mulher que desnaturalizou o sexo, ao separar seu prazer sexual da missão de procriar."

Extraído de Agência Patrícia Galvão

Os subtítulos são nossos, da postagem.
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domingo, 19 de setembro de 2010

Censo 2010: Argentina vai contar Afrodescendentes

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Um censo consistente
Argentina

El próximo 27 de octubre (2010) se realizará en Argentina el Censo Nacional de Población, que este año incluye modificaciones en la cédula censal y en el análisis de la información recolectada con la intención de visibilizar a algunos sectores de la población como afrodescendientes, personas LGBT, pueblos originarios y personas con discapacidades. El registro de los afrodescendientes es una de las grandes modificaciones introducidas en el Censo, pues este grupo no es contabilizado desde 1885, explica Carlos Álvarez, Coordinador de Temáticas Afrodescendientes del Instituto Nacional de Estadística y Censo, INDEC. Los encuestadores preguntarán a cada miembro del hogar si es afrodescendiente o en su familia existe algún descendiente de africanos. “Por primera vez tendremos un dato oficial de cuántos afrodescendientes hay en el país y en qué condiciones viven. Para el movimiento afro es un gran logro ya que tenemos 200 años de invisibilidad y el hecho de que el Estado produzca este dato es un paso hacia la formación de políticas públicas”, manifestó Álvarez, quien además es secretario general del grupo África y su diáspora e integrante de la organización 100% Diversidad y Derechos.

El bloque de preguntas censales referidas a la discapacidad también cambió. El censo de 2001 se limitaba a preguntar si en los hogares vivían personas con discapacidad; este año las preguntas formarán parte de la unidad de análisis “población”, lo que permitirá identificar características sociodemográficas tales como migración, condición educativa y ocupación de las personas con discapacidad.

En lo que atañe a pueblos originarios, se indagará la adscripción étnica en la composición de los hogares. Cabe aclarar que el INDEC ya realizó una encuesta sobre pueblos originarios en todo el país.

En materia de diversidad sexual, este censo elimina una “pauta de inconsistencia” (técnica de control de los formularios censales) que en el censo de 2001 no admitía el registro y procesamiento de parejas del mismo sexo. Al procesar esa información como un dato inconsistente, cambiaba arbitrariamente la información sobre el vínculo o el sexo de alguna de las dos personas para resolver la aparente contradicción. En palabras de Álvarez,“con el avance de la comunidad LGBT y la aprobación de la ley de matrimonio igualitario, la dirección del INDEC decidió corregir esta pauta y avanzar un paso más, ya que los censistas tendrán la directiva de respetar la respuesta del entrevistado con relación a los vínculos parentales presentes en el hogar”.


Se calcula que esa “inconsistencia” del censo pasado estuvo en torno del 1,3%, información que puede arrojar cifras aproximadas sobre la cantidad de parejas convivientes del mismo sexo y hogares homoparentales que existían en Argentina en ese momento. Sin embargo, no existen datos de censos anteriores que permitan hacer un balance de esta información. Es necesario considerar también que las condiciones sociales de visibilidad de las parejas homosexuales se han modificado sustancialmente con el paso de los años, particularmente a partir del debate de la Ley de Unión Civil de Buenos Aires en 2002 y de la Ley de Matrimonio Igualitario, votada hace apenas dos meses.

Como en el Brasil, clave para generar cambios en el registro de grupos sociales en los censos nacionales ha sido la intervención del Movimiento Negro. En la Argentina el grupo África y su Diáspora confluyó con otras organizaciones sociales bajo un proyecto conjunto, al que se sumaron 100% Diversidad y Derechos, Lesmadres, y otras agrupaciones. Pese a la participación de organizaciones LGBT en este proyecto, sólo fue posible modificar el sistema de recolección de información para el caso de hogares homoparentales, debido a que las demandas de estos grupos fueron planteadas después de haber sido diseñadas las cédulas censales. No obstante, Gabriela Bacin, de la organización Lesmadres, señaló que han sido propuestos “cruces de información que resultarán útiles para conocer a nuestras propias comunidades. En esto tenemos el compromiso del INDEC, al igual que [la tarea] de trabajar en la modificación de la cédula para el próximo censo”, agregó.

La eliminación de la pauta de inconsistencia para parejas del mismo sexo representa un avance importante con relación a la falacia estadística que se habría cometido en el censo de 2001 al ser “corregidos” los datos sobre homoconyugalidad y homoparentalidad; sin embargo, para lograr un registro más acertado de las parejas del mismo sexo es necesario que las mismas sean registradas como tales al completar el formulario censal. Por este motivo, comenta Bacin, grupos activistas LGBT están implementando una estrategia publicitaria en las propias comunidades, con el fin de que las personas exijan buenas prácticas censales en el relevamiento.

Con respecto a la homoparentalidad, la activista de Lesmadres reconoció que el censo de 2010 maneja categorías “amplias y progresistas” para la definición de ‘hijo’, que no están determinadas por el reconocimiento legal del vínculo parental. Empero, afirma, “la idea es que las personas expliciten sus vínculos de maternidad, paternidad y pareja, teniendo la tranquilidad de la confidencialidad de los datos obtenidos”.

Por su parte, Martín Canevaro, presidente de 100% Diversidad y Derechos, valoró algo relevante para todas las comunidades cuyo registro se inaugura con este censo: la posibilidad de “saber cuántos somos y en qué condiciones vivimos”. Canevaro también comentó que las organizaciones sociales trabajarán con el INDEC en la capacitación de los censistas para que incorporen la perspectiva de diversidad sexual en su labor. Para Bacin, “en este momento lo que podemos hacer es trabajar en la capacitación de los censistas para que tengan una formación sobre las características y necesidades de nuestras poblaciones y para incorporar censistas de las diferentes comunidades”. Si bien el INDEC establece los lineamientos generales para la realización del censo, Álvarez señala que son los Institutos de Estadística y Censos de cada provincia los que llevan adelante esta labor, por lo que el pedido de los activistas de participar en la capacitación es una preocupación que se extiende a lo largo del territorio, ya que hay provincias argentinas donde son intensas las resistencias frente a temas de diversidad sexual como la aprobación de la ley de matrimonio igualitario.

Además de la identificación de los hogares homoparentales, el INDEC manifestó su compromiso en aportar datos sobre la comunidad trans. Esta medida brinda un apoyo significativo a los movimientos LGBT que impulsaron un proyecto de Ley de Identidad de Género con el cual buscan que el Poder Legislativo Nacional reconozca el derecho de las personas trans a rectificar sus datos registrales. Para la recolección de información sobre las personas trans los censistas deberán seguir algunas indicaciones relativas al registro de la expresión de género que priorizan la forma como se perciben a sí mismos los y las entrevistadas. No obstante, en este censo será mantenida la variable dicotómica varón/mujer. Álvarez explicó que “en el propio censo no se pueden obtener muchos datos debido a que la cédula censal ya está confeccionada”. Lamentó que “en este censo quedarán invisibilizadas las personas que respondan que su expresión de género es trans ya que en el cuestionario no hay lugar para esto”. Agregó sin embargo que próximamente se realizará una encuesta específica sobre esta población.

Con respecto al registro de las personas trans Álvarez señaló un problema clave para todo avance de este tipo en la tarea censal: algunas personas trans han manifestado su temor de que se genere un subregistro de esa población. Por las dificultades técnicas que supone esta innovación, al avanzar contra prejuicios muy arraigados en la sociedad que hacen que determinados datos sean inaudibles a oídos del censista o inexpresables del punto de vista del o la entrevistada, los resultados numéricos en una primera instancia pueden resultar inferiores a los esperados.

Ese fue otro motivo para que se decidiera realizar una encuesta específica posteriormente. Por ello, más allá de la medición del tamaño absoluto del segmento poblacional, Alba Rueda, activista trans de 100% Diversidad y Derechos, reiteró la necesidad de que el INDEC asuma “el compromiso de generar parámetros de medición que permitan conocer la alta vulnerabilidad social que vive la población travesti, transexual y transgénero”. Sería la primera vez que se obtendrían datos oficiales sobre la situación de las personas trans en la Argentina, principalmente respecto de sus actividades productivas. “Sabemos que, lamentablemente, un alto porcentaje de la población trans se encuentra en estado de prostitución. Aspiramos a que esa información sirva para generar políticas sociales y laborales”, puntualizó Rueda.

Por ser el diagnóstico poblacional más importante del país, el censo es una base fundamental para la formulación de políticas públicas. Para las categorías que serán incorporadas en el registro de este año, esta es una forma de salir de la invisibilidad estadística, formar parte de políticas públicas y legitimar sus demandas con base en la información obtenida. Florencia Gemetro, de la agrupación Lesmadres, explicó que a esta organización le interesa conocer el número de parejas lesbianas que tienen hijos así como la edad y escolarización de los mismos, para poder evidenciar la existencia de estas familias “sin tener que recurrir a relatos personales”. Gemetro señala que los resultados del censo también les permitirán definir acciones prioritarias. Por estas razones, le solicitaron al INDEC que realizara cruces específicos de datos que arrojen información pertinente para el diseño de materiales para docentes de diferentes niveles educacionales. Por otro lado, con el censo “también podremos saber si las parejas del mismo sexo tienen acceso al sistema de salud y cuál es su situación laboral, lo que nos ayudará a delinear políticas públicas más específicas”.

El censo en otros países de la región

Este año la diversidad sexual también es considerada en el censo realizado en el Brasil. El Instituto Brasileño de Geografía y Estadística (IBGE) incluyó por primera vez en el cuestionario la opción “cónyuge del mismo sexo”. Empero, el demógrafo Jose Eustáquio Diniz llamó la atención acerca de otros límites de esa categoría, dado que el censo no captará información relacionada con las parejas del mismo sexo que vivan en domicilios separados.

Otros especialistas consultados sobre este tema, como el demógrafo Gabriel Gallego, coinciden con activistas argentinos que afirman que además de visibilizar a las parejas homosexuales ante la ley es preciso incluirlas en las estadísticas oficiales, pues esta información concreta es la base para la construcción de políticas públicas. El Censo de Población y Vivienda 2010 efectuado durante los meses de mayo y junio en México, no incluyó en sus cuestionarios a las familias encabezadas por uniones lésbicas o gay. Gallego comentó que habría sido fácil introducir en el censo mexicano una opción adicional en la pregunta relativa al estado civil como “pareja del mismo sexo” o “unión igualitaria”. No obstante, afirma, “ni el Consejo Nacional de Población (Conapo) ni el Instituto Nacional de Estadística, Geografía e Informática (INEGI), han estudiado a las familias homoparentales; si tú consultas, te responderán con un 'no sé’”. En Colombia, su país natal, al igual que en otros países de la región como Chile y Perú, los censos poblacionales no incluyen preguntas relativas a las parejas homoparentales ni parecen existir, hasta el momento, iniciativas jurídicas o sociales para que esto ocurra.

Por el contrario, el Departamento Administrativo Nacional de Estadística (DANE), ente colombian a cargo del censo, tuvo que rectificar recientemente declaraciones públicas de uno de sus funcionarios en contra del reconocimiento de derechos de las parejas del mismo sexo. En octubre de 2009, la Corte Constitucional colombiana le solicitó al DANE un concepto sobre una demanda de inconstitucionalidad para reformar el artículo 113 del Código Civil que define el matrimonio como "un contrato por el cual un hombre y una mujer se unen con el fin de vivir juntos, procrear y auxiliarse". Esta demanda busca ampliar el conjunto de derechos que pueden exigir las parejas del mismo sexo, así como su reconocimiento como familia. Domingo Ospina Villamarín, abogado de la Oficina Jurídica del ente, emitió un concepto desfavorable acudiendo a prejuicios homofóbicos y citas bíblicas en su argumentación.

Ante la polémica generada por el documento de Villamarín, el DANE tuvo que solicitarle al tribunal desechar el concepto emitido y aclarar que no le correspondía, como entidad, manifestar posición institucional alguna sobre el matrimonio, fuera homosexual o heterosexual, pues su conocimiento se limita a las uniones entre personas desde el punto de vista estadístico.

Publicada em: notícias CLAM

Página da matéria: CLAM

sábado, 18 de setembro de 2010

Mulher rural brasileira é exemplo na agricultura do dendê

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Brasileña es ejemplo de la pequeña agricultura de palma

Por Mario Osava, enviado especial
18/09/2010 07.19.12 GMT

MOJU, Brasil, sep (IPS) - "No es trabajo para mujeres", le decían, pero Benedita Nascimento se destaca ahora como el mejor ejemplo de éxito de un programa de agricultura familiar vinculado al cultivo de palma aceitera en la parte oriental de la Amazonia brasileña.

"Hace ocho años no conocía el ‘dendê’", como llaman en Brasil a la palma africana. "Vendía a precios injustos harina de mandioca (yuca) a intermediarios", recordó la campesina, cuyo testimonio fue el más aplaudido en la II Conferencia Latinoamericana de la Mesa Redonda del Aceite de Palma Sustentable, celebrada entre el 24 y el 27 de agosto en Belém, la capital del estado de Pará.

Ganaba unos 170 dólares mensuales, "como máximo". La palma le asegura siete veces más ingresos. Incrédula ella misma, Nascimento mostró una factura de julio que registra la venta a la empresa Agropalma de un monto equivalente a más de 2.500 dólares por los racimos de esta oleaginosa de los que se extrae el aceite.

La empresa, que controla dos tercios de la producción del aceite de palma en Brasil, descuenta en cada pago el abono anticipado, la amortización del préstamo bancario y otros insumos y servicios, como parte del programa de pequeños agricultores que impulsa junto con el gobierno de Pará.

Pero el "alivio de la faena" es algo que Nascimento valora más que el ingreso, asegurado por un contrato de 25 años con la empresa.


La tarea anual de tumbar malezas, quemarlas, preparar la tierra, sembrar mandioca, limpiar y cosechar, en un ciclo sin fin y sin perspectivas, la tenía hundida en el desaliento. "Pensaba irme", como muchos vecinos, confesó a IPS en una visita a su vivienda en la zona rural del municipio de Moju, a unos 200 kilómetros de Belém.

La palma solo le exige a ella, su nuevo marido y un hijo de 18 años, dos o tres días de tarea cada quincena para cortar y carretear los frutos. También cada seis meses hay que podar los árboles y limpiar y fertilizar el suelo.

Con eso, los agricultores familiares como Nascimento superan el rendimiento de las 39.000 hectáreas de palma que cultiva directamente Agropalma, de 22 toneladas anuales por hectárea.

Los tres primeros años sí fueron duros. Sin cosecha y con un trabajo arduo para cuidar el crecimiento de las palmas, además de los gastos en semillas, abonos y equipos, que fueron financiados por la empresa y el Banco de la Amazonia, una institución estatal de fomento.

Y antes estuvo la incertidumbre de si la empresa aceptaría contratar a una mujer sola, con dos hijas adolescentes, que ahora viven fuera, y el benjamín que entonces tenía 10 años. Del primer marido no tiene noticias. El segundo, padre del hijo que la ayuda y estudia la secundaria en una población cercana, fue asesinado en un barco que transportaba madera. El tercero vino después de la palma.

"No nací para servir de burro a ningún hombre", se define Nascimento. Advierte de su "intolerancia ante los desafueros" masculinos, para "mala suerte de mis maridos", y remata con un estallido de risa.

También debió sortear la desconfianza sobre el negocio que le ofrecían. "Agropalma tomará sus tierras, los convertirán en esclavos, eso no es cultivo para pobres", decían miembros de sindicatos agrícolas opuestos al programa.

El auge de la palma, sobre todo para producir agrocombustibles, soporta muchas críticas de insostenibilidad social y ambiental, por la deforestación que provocó en países asiáticos.

Nascimento no desmayó y ganó uno de los primeros 50 lotes, distribuidos en 2002. Su liderazgo la llevó a presidir entre 2007 y 2009 la Asociación de Desarrollo Comunitario del Ramal do Arauaí, que representa ante Agropalma a parte de las 185 familias que cultivan el dendê en parcelas de 10 hectáreas.

Su ejemplo cundió, y ahora la producción de 36 lotes está encabezada por mujeres, que se ayudan y asesoran entre ellas, "porque todas tenemos familias detrás y queremos ser las más exitosas por nuestros hijos, así que nos transmitimos conocimiento y apoyo".

El programa incluye a habitantes rurales pobres, cuyos ingresos dependen de la agricultura en al menos 70 por ciento. Después de 25 años, promedio de edad productiva de la palma, la parcela pasará a su propiedad y libre uso.

Para las tres primeras etapas del programa, entre 2002 y 2005, el gobierno de Pará aportó tierras a las 50 familias beneficiadas en cada una, vecinas de la hacienda de Agropalma.

La cuarta etapa incorporó a 35 familias asentadas por el Ministerio de Desarrollo Agrario a 20 kilómetros de distancia. Otra mujer, Raimunda da Costa, preside la Asociación de Pequeños Agricultores de Água Preta, que agrupa a los productores de esta fase.

"Cuando tenemos apoyo, las mujeres no tenemos freno", dijo a IPS. "Quiero que mi ejemplo sirva a otras", añadió.

Hilda Paiva da Silva, de 44 años, aún enfrenta problemas en su lote. Obtiene unos 580 dólares al mes, pero casi la mitad se le va en pagar préstamos. Y con lo que queda no puede subsistir con seis hijos a su cargo.

La parcela estaba a nombre de su ex marido, a quien "nunca le gustó el dendê" porque para él generaba "solo deudas" y lo descuidó, aseguró Silva a IPS.

Cuando el hombre se fue en 2008, transfirió el contrato a su hermana, Nascimento, quien la ayudó a producir un año después. Silva está en plena lucha para no caer en el 10 por ciento de fracasos que registra el programa.

Pero heredó el lote sin herramientas ni un burro para trasladar la producción, así que cuando la cosecha cae, sus ingresos vuelven a depender de la harina de mandioca, que da mucho más trabajo y muy poca renta, se quejó.

La palma exige un "trabajo intensivo", permanente combate a las plagas y un alto rendimiento para cubrir los préstamos que se acumulan y cuya amortización es automática a la venta de los frutos a Agropalma, que obtiene biodiésel y también abastece la industria alimentaria y cosmética.

En 2009, la crisis financiera mundial hizo caer casi a la mitad el precio internacional del aceite, referencia para los pagos de Agropalma, observó Nascimento, que vive en una finca a orillas de un riachuelo y a un kilómetro de Arauaí, un pueblo de unas 30 casas.

Agropalma tiene 4.748 empleados, de los que 830 son mujeres, la mayoría recolectoras de los frutos que caen al suelo cuando se separan de los racimos desde alturas de hasta 12 metros.

Ellas "a veces ganan más que los hombres" que cortan los racimos, porque a los cosechadores se los remunera por producción, además del salario mínimo brasileño de unos 300 dólares, explicó Flavio Trindade, gerente de producción agrícola de la empresa. (FIN/2010)

Extraído de IPS Noticias



O dendê - Palma busca expiar pecados originais

Por Mario Osava, enviado especial
Tailândia, Pará, 14/9/2010

“Melhor o dendê do que o gado”, diz a camponesa Violeta dos Reis, que cozinha e serve refeições no bar que mantém com seu marido no povoado de Arauaí. Nos arredores, abre-se um novo mundo para pequenos agricultores pobres do Brasil. O motivo é econômico. O dendê – nome brasileiro da palma africana – “dá mais futuro”, afirma Violeta. Por isso seu marido, Florisvaldo, comprou, por R$ 14 mil, dez hectares plantados com palma em um projeto de agricultura familiar integrado à empresa Agropalma.

O argumento também poderia ser ambiental. Ao longo da rodovia PA 150, entre as cidades de Moju e Tailândia, as plantações de palma constituem uma monótona paisagem em dezenas de quilômetros do nordeste do Pará. A monocultura causa impacto em quem espera ver a exuberância e a diversidade da selva neste pedaço da Amazônia oriental. Antes e depois das plantações de palma, o panorama tampouco é “amazônico”.

Extensas pastagens e terras degradadas comprovam que a palma está se expandindo em uma área que já sofria amplo desmatamento. A extração de madeira e a pecuária, além da exploração de carvão vegetal, destruíram muitas florestas por estes lados. É a região escolhida pela Agropalma, a maior produtora de óleo de palma da América Latina, para plantar, desde 1982, uma das três espécies de palma, a africana (Elaeis guineensis), em 39 mil hectares.

Na primeira década, a monocultura avançou sobre florestas nativas, reconhece seu diretor comercial, Marcello Brito. Depois, a empresa adotou princípios de responsabilidade social e ambiental. Além de manter 64 mil hectares de reserva florestal, destina 10,5% de sua área plantada ao cultivo orgânico certificado e mantém várias iniciativas a favor da biodiversidade e contra o desmatamento.

A Agropalma é membro ativo da Mesa Redonda do Óleo de Palma Sustentável (RSPO, sigla em inglês), um fórum fundado em 2004 por empresas produtoras, comerciantes e consumidoras de óleo, organizações ecologistas e investimentos, para promover e certificar a sustentabilidade ambiental e social do produto. Como vice-presidente da RSPO, Marcello foi o anfitrião da sua II Conferência Latino-Americana em Belém, capital do Estado do Pará, realizada de 24 a 27 de agosto, quando foi defendida a expansão sustentável deste vegetal na região, evitando os “erros” cometidos na Indonésia e na Malásia.

Esses dois países asiáticos concentram 85% da produção mundial de óleo de palma, que acaba de se converter no mais consumido, superando o da soja, e com múltiplos usos na alimentação, cosmetologia e energia. Mas ali esse crescimento foi obtido à custa de um vasto desmatamento e da invasão e remoção dos depósitos naturais de carvão fóssil, que liberaram grandes emissões de gases-estufa. A RSPO tem a difícil missão de expiar esse pecado, com uma limitada adesão asiática.

A primeira conferência latino-americana da RSPO, em 2008, na Colômbia, país que é o maior produtor regional, provocou uma declaração assinada por 259 organizações sociais e ambientais de todo o mundo, condenando a monocultura da palma como ameaça às florestas e ao clima, a “milhões de indígenas” e camponeses e à segurança alimentar. A RSPO é um instrumento “do negócio” e não está destinada a “conter seus impactos ambientais e sociais”, critica essa declaração.

Por outro lado, na Amazônia brasileira, a palma tem funções bioquímicas similares às florestas naturais, além de reduzir a erosão e o gás carbônico, afirmam cientistas brasileiros. É um “cultivo complexo” mas benéfico para o meio ambiente e “mais barato do que restaurar as florestas nas terras já degradadas”, disse Marcos Ximenes, ex-reitor da Universidade Federal do Pará e diretor do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. “Muito melhor do que o boi”, disse, concordando com Violeta dos Reis.

Neste país, seguindo os critérios da RSPO, a ambição da expansão do dendê da mão da pequena agricultura conta com apoio oficial, especialmente em créditos brandos do Programa de Produção Sustentável de Palma de Óleo no Brasil, anunciado em maio pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A meta é duplicar a área plantada e incorporar 12 mil agricultores familiares à atividade nos próximos quatro anos.

Entretanto, fala-se em um milhão de hectares, mais de dez vezes a superfície atual, porém, quase nada em comparação aos 31,8 milhões de hectares considerados aptos para este cultivo por um recente estudo nacional. Em todo o mundo, estima-se que a palma ocupe hoje em dia 12 milhões de hectares. O Brasil produz pouco mais de 200 mil toneladas anuais de óleo de palma, 0,5% do total mundial, e importa uma quantidade similar para atender o consumo interno.


A Petrobras implementou dois projetos para produzir biodiesel de óleo, um deles em Portugal. O plano prevê 2.250 famílias cultivando palma, além de médios e grandes agricultores, todos assentados no Pará, que já concentra 90% da produção brasileira desse óleo. A Vale, uma das maiores exportadoras mundiais de minério de ferro, também anunciou que implantará seis polos de palma no Pará, para obter biodiesel destinado ao consumo de seus meios de transporte, que incluem várias ferrovias e portos.

Os planos de incluir agricultores familiares baseiam-se na experiência da Agropalma. Entre 2002 e 2006, a empresa incorporou 185 famílias como produtoras associadas, em lotes de seis a dez hectares cedidos por órgãos governamentais. Os beneficiados são pequenos produtores locais que devem manter suas plantações tradicionais, como milho e mandioca, já que a colheita de palma ocupa apenas entre quatro e seis dias de trabalho por mês. O casal Reis entrou no projeto há três anos, adquirindo o contrato de um sócio original para a venda de sua colheita à Agropalma durante 25 anos, tempo de vida da palmeira. Além disso, cultivam outras terras e exploram o comércio em Arauaí.

Este esquema muda a vida dos camponeses, proporcionando uma renda mensal, mas eles precisam ter visão de longo prazo. A palma exige muitos cuidados e não produz nada nos três primeiros anos, durante os quais só cresce a dívida do produtor associado, somando gastos com sementes, fertilizantes e equipamentos, que deverá pagar mensalmente quando começarem as colheitas. Há quem não consegue se adaptar a este sistema e quebra.

“Não planejam o tempo destinado à palma e a outros cultivos, deixam crescer o mato e desanimam”, resumiu Francisco Damião, supervisor de campo na agricultura familiar. De fato, há plantações quase abandonadas em algumas áreas. Mas a maioria dos camponeses associados elevou sua renda, mesmo pagando suas dívidas. Benedita Nascimento, a quem a Agropalma tem como exemplo de sucesso, garante que sua renda mensal passa de R$ 2 mil, soma “inimaginável” para uma família camponesa local. Violeta disse que a palma rende R$ 1,5 mil líquidos.


floresta plantada de palmeiras de dende Agropalma
foto Luiz Maximiano

Em suas próprias plantações e unidades industriais, cinco de extração do óleo bruto e uma de refino, a empresa tem 4.748 empregados. Aqui também houve pecados: cerca de 3.500 trabalhadores eram subcontratados, como forma de evitar os direitos trabalhistas, até que o Ministério Público interveio em 2007 e conseguiu um acordo para a contratação direta, disse à IPS o sindicalista Manoel Evangelista da Silva, diretor de assalariados do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Tailândia, o município onde fica a sede da Agropalma.

Apesar de tudo, trata-se de uma “excelente companhia que trouxe benefícios diretos e indiretos” para as comunidades locais, aumentando a renda e, ultimamente, a atenção com seus trabalhadores, disse o sindicalista. Envolverde/IPS


FOTO - Crédito: Mario Osava/IPS
Legenda: Um jovem transporta em um burro sua colheita de frutos e racimos de palma.

Fonte: IPS/Envolverde
14.09.2010

Extraído de Espaço Ecologico no Ar
Copiado também em Jus Brasil



A polêmica do dendê

A polêmica do dendê para além da moqueca
Leonardo Sakamoto - 06/06/2010

Meus amigos do Espírito Santo e da Bahia não se entendem quanto a qual moqueca é mais saborosa: a tradicional, feita na Boa Terra, que leva azeite de dendê, ou a capixaba, mais leve, cozida sem dendê. Na dúvida, fico com as duas.

Mas o fruto dessa palmeira, que tem um lugar de destaque em nossa culinária, está no centro de uma outra polêmica, que pode causar uma bela indigestão para o meio ambiente e as comunidades tradicionais se não tratada de maneira certa.

O governo federal irá lançar, nesta semana, o seu plano para safra 2010/2011 com linhas de financiamento especiais para produtores que quiserem recompor áreas desmatadas ou que desejam produzir matéria-prima para agrocombustíveis, como o dendê.

Elaeis guineensis (dendezeiro)

Aí reside o problema. O dendê tem sido duramente criticado por organizações da sociedade civil em todo o mundo por promover desmatamentos e expulsão de pequenos agricultores. Já desterrou gente na Indonésia, Malásia, Papua Nova Guiné, Filipinas, Camarões, Uganda, Costa do Marfim, Camboja, Tailândia, Colômbia, Equador, Peru, Guatemala, México, Nicarágua e Costa Rica. Tratado como “herói da economia” pelo mercado mundial (se os usineiros da cana são “heróis” para o nosso presidente, o dendê tinha que ser herói para alguém…), a palmácea tem a maior produtividade de óleo por hectare dentre todas as oleaginosas comerciais.

O dendê tem espaço consolidado no abastecimento das indústrias alimentícia e cosmética da Europa, do Japão e dos EUA, e sua utilização para produção de biodiesel, destinado sobretudo ao consumo interno dos países de origem, tem crescido à medida que é usado como mecanismo regulador dos preços internacionais do óleo bruto. Porém, a valorização ascendente do óleo de dendê acabou causando uma catástrofe ambiental e social nos países acima mencionados.

Por aqui, o dendê ainda não teve seu papel ou seu impacto definidos. Do ponto de vista biológico, o dendezeiro tem características que o tornam uma espécie apropriada em processos de recuperação de áreas degradadas na Amazônia e, do ponto de vista social, a cultura tem revelado potencial de geração de empregos, já que todo o seu manejo é manual. Cultivado mais extensivamente no Pará e no Sul da Bahia, o ele ainda não está na lista dos grandes vetores do desmatamento ou dos conflitos socioambientais por aqui.

Esta situação pode mudar com a aprovação de uma alteração no Código Florestal, que permitirá, entre outros, a recuperação das reservas florestais na Amazônia (80% da área das propriedades rurais) com espécies exóticas, incentivando a produção. O que pode ser uma dor de cabeça, uma fez que as áreas degradadas não são contínuas, e a implantação de grandes projetos de plantio poderia levar a desmatamentos das faixas intermediárias de floresta. Os impactos de uma dendeicultura massiva sobre um bioma tão megadiverso como a Amazônia também não foram mensuradas ainda, assim como são imprevisíveis os efeitos sobre as comunidades tradicionais e sobre a agricultura familiar da região.

As características positivas poderiam fazer do dendê uma alternativa econômica bem-vinda para a agricultura familiar, se cultivado em sistemas agroflorestais, em pequena escala e de forma autônoma. Mas esta não parece ser a opção prioritária das políticas públicas. Não obstante sua alta rentabilidade, o cultivo de dendê em larga escala tem um alto custo de implantação e manutenção, modelo que tende a transformá-lo em exclusividade do grande agronegócio, com eventuais projetos de integração da agricultura familiar.

O Programa de Produção Sustentável de Palma de Óleo, lançado pelo governo no mês passado, estabelece as diretrizes para o plantio e o financiamento do produto em pequenas, médias e grandes propriedades. O programa, que também gerou um projeto de lei enviado ao Congresso Nacional, estabelecendo a “vedação de supressão, em todo o território nacional, de vegetação nativa para o plantio de palma” e a “vedação de licenciamento ambiental para indústrias que utilizem como insumo palma de óleo cultivada em áreas não indicadas pelo zoneamento agroecológico”. Ou seja, o financiamento só pode ser feito a propriedades que estão dentro desses parâmetros, mas como o projeto de lei não foi aprovado ainda, não é ilegal (apenas imoral e nonsense) derrubar floresta para plantar dendê.

Essa discussão legislativa está presente em reportagem de Verena Glass, aqui da Repórter Brasil, mostrando que apesar das ações da União e de governos estaduais para evitar impactos sociais e ambientais ligados à produção de dendê, problemas já aparecem. Depoimentos colhidos entre trabalhadores da comunidade quilombola de Jambuaçu, no município de Moju, por exemplo, revelam intoxicações com agrotóxicos, contaminações de igarapés e problemas trabalhistas com empresas com empresas envolvidas na produção de dendê. Quilombolas de Concórdia acusaram grandes empresas de pressionar agricultores a vender suas terras, ameaçando com desapropriações por falta de titulação das áreas.

Em tempo: O Zoneamento Agroecológico do Dendê estabeleceu 31,8 milhões de hectares na Amazônia e parte da costa brasileira – do Sul da Bahia ao Rio de Janeiro – como regiões aptas para a produção. O que dá pouco menos de um Maranhão ou um Vietnã de área. O que não é pouca coisa.

Extraído do Blog do Sakamoto




quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Lima Barreto: o que os racistas fizeram com ele?

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Lima Barreto, Disfarçadíssimo
Da ditadura do silêncio à “lista negra”

Por Alberto Dines em 7/9/2010


Capa raffinée, ilustrações idem, ao todo cinco páginas com textos de alto quilate. Tudo superlativo, comme il faut, no novo suplemento literário da Folha de S.Paulo (domingo, 5/9).

Mulato, pobre, morador de subúrbio carioca, funcionário público de terceira categoria, jornalista, escritor, bêbado, psicótico, solitário, amargo, intenso, inconformado, Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) está de volta.

Em grande estilo: O Triste Fim de Policarpo Quaresma tem agora versão teatral, os contos serão republicados na íntegra, devidamente reavaliados e contextualizados. E a sua exemplar biografia, paradigma do gênero, agora em 8ª edição (as sete anteriores minuciosamente atualizadas pelo autor) está disponível nas livrarias. Assim como seu diário e as memórias do hospício.

Ao vivo

Marginalizado, banido e embargado a partir da sua estréia em Recordações do Escrivão Isaías Caminha, Lima Barreto não é apenas um dos símbolos dos preconceitos que dominavam nossa sociedade e os salões literários. É talvez a primeira vítima daquilo que ele próprio designou como "ditadura do silêncio".

Graças a esta ditadura o escritor foi levado à condição de freqüentador assíduo tanto da história literária do século 20 como da história do nosso jornalismo. Num caso como gênio incompreendido, no outro como o primeiro sacrificado por uma das mais abomináveis e duradouras práticas das nossas redações: a "lista negra", o Index dos Nomes Proibidos, repertório dos não-existentes, vivos ou mortos.

O nome de Lima Barreto ficou quase 50 anos banido das páginas do liberalíssimo Correio da Manhã porque Isaías Caminha passava-se na redação de um poderoso matutino facilmente identificável e o seu fundador, Edmundo Bittencourt, era um dos protagonistas, embora disfarçado por um pseudônimo. O destemido Paulo Bittencourt que enfrentou tantas ditaduras manteve o embargo contra o literato que denegriu o pai.

Por coterie, reciprocidade corporativa, espírito de panelinha, o resto da imprensa aliou-se ao Correio e ignorou a obra que o editor ingenuamente apresentara como "livro de intriga jornalística fluminense".

"Os demais jornais também receberam de pé atrás o livro inconveniente e atrevido onde tantas figuras respeitáveis – algumas delas, diga-se de passagem, falsamente ilustres e falsamente respeitáveis – eram retratadas ao vivo, quase sem nenhum disfarce", constatou o magistral biógrafo, Francisco de Assis Barbosa (pág. 194)

Nome aos bois

Lima Barreto poderia ter escolhido outro livro para estrear, tinha pelo menos outros dois na gaveta. Preferiu algo novo, agressivo, um romance diferente dos cânones, capaz de abrir-lhe as portas da fama.

Fecharam-se na mesma hora. Ficou com fama de maldito, raivoso, que o preconceito racial tornou irremediável. Conseguiu publicar outros três romances, contos, sátiras. Não foi longe: a ditadura do silêncio acabou com ele, levou-o ao álcool e este aos delírios.

Nos inspirados textos do caderno "Ilustríssima" (5/9) menciona-se o castigo imposto, mas não os motivos da punição. O triste fim de Lima Barreto fica parecendo obra de deuses vingativos, do perverso destino e não de seus humaníssimos contemporâneos, companheiros de profissão. A Folha tem o dom de contar histórias sem dar nome aos bois. É uma arte. Mãe extremada, transmite sua expertise a todos os rebentos.

O leitor que se dane.

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A Vida de Lima Barreto, de Francisco de Assis Barbosa (José Olympio, 2002); Policarpo Quaresma, direção de Antunes Filho (SESC Consolação, até 31/10); Contos Completos de Lima Barreto (Companhia das Letras), Diário do Hospício e O Cemitério dos Vivos, prefácio de Alfredo Bosi (Cosac Naify).

O caso de Lima Barreto é fartamente mencionado na História da Imprensa no Brasil, de Nelson Werneck Sodré, e na biografia Santos Dumont, do jornalista Gondin da Fonseca (Editora Vecchi, 1940), outro maldito que ousou revelar que o Pai da Aviação cometeu suicídio.

Para ler também

O Correio da Manhã cada vez mais longe — Alberto Dines (4/11/2003)

Estraído de Observatório da Imprensa
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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Ação judicial obriga empresa racista a pagar campanha

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Vitória de Maria Mulher - RS

Pela igualdade da mulher negra no mercado de trabalho
Campanha de Maria Mulher

Maria Mulher - Organização de Mulheres Negras, ONG de Porto Alegre, entrou com uma ação no Ministério do Trabalho contra uma empresa gaúcha que discriminou uma funcionária negra.

Maria Mulher ganhou a ação judicial e a empresa foi condenada a pagar os custos de uma campanha publicitária pela igualdade da mulher negra no mercado de trabalho; participar (dirigentes e funcionários) de oficinas sobre racismo e desigualdes de gênero no mercado de trabalho.

As oficinas estão sendo ministradas pelas integrantes de Maria Mulher.

A campanha publicitária além de outdoors, conta também com busdoors e cartazes.





Recebido de Jorge Luís Rodrigues dos Santos, a quem agradecemos.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ser mulher negra em Cuba

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Ser mujer negra en Cuba
Sandra Álvarez

Bajo el nombre “La mujer cubana: la doble discriminación” un grupo de panelistas atrajo a pobladores de la comunidad, intelectuales y artistas, el domingo 22 de agosto, en la casa comunitaria del barrio La Ceiba, en el municipio capitalino de Playa.

La condición de mujer, negra y cubana se complejizó con temáticas relacionadas con la imagen estereotipada e irrespetuosa de las afrodescendientes en la publicidad destinada al turismo, y el mayor impacto de la pobreza en Cuba a la población femenina y negra y mestiza, en general.


Por esas razones, la desventaja se torna doble para las afrocubanas, muchas veces vinculada, no solo con la belleza negra (laceado del pelo, por ejemplo), sino también con estereotipos relativos a su sexualidad. En el imaginario social persiste la idea de que las negras y mestizas son “más calientes”, elemento que retoma la supuesta mayor cercanía de la raza negra a la naturaleza, a lo indomable.

IMAGEN DE LA MUJER NEGRA NO MERCADO DE TURISMO

Antes del debate, el ensayista y crítico Desiderio Navarro trajo de nuevo al ruedo en una presentación el uso del cuerpo de la mujer negra y mestiza en la publicidad, diseñada desde Cuba para el sector turístico.

El también editor y traductor explicó que la imagen de Cuba difundida en el mercado del turismo, está muy ligada a la explotación de la mujer negra, ya sea en su condición de esclava sexual o de sirvienta.

Muchas imágenes, provenientes de postales y etiquetas de productos, fueron mostradas por Navarro, cuya exposición asombró y sobrecogió a muchas de las personas presentes.

La continuidad de prácticas en la publicidad cubana en detrimento de las mujeres negras y las mestizas, llamadas en Cuba “mulatas” — como la marca del ron cubano — sirvió de antesala para el panel, moderado por la periodista Gisela Arandia. (1)

LA DOBLE DISCRIMINACIÓN QUE SUFRE LA MUJER CUBANA

Sobre la doble discriminación que sufre esta parte de la población cubana, también aportaron sus puntos de vista la socióloga Mayra Espina, la otrora trabajadora de la televisión cubana, Irene Ester Ruiz y yo, en tanto bloguera y editora web, además de mujer negra.

Hoy existe una sobre-representación de la pobreza entre las personas negras y mestizas, lo que incluye la satisfacción de necesidades básicas como la alimentación, reveló Espina, quien investiga desde la complejidad temas como la pobreza en el Centro de Investigaciones Psicológicas y Sociológicas , ubicado en la capital cubana.

De acuerdo con su experiencia como estudiosa consolidada en esa área de estudios, Espina comentó una propuesta de su equipo de trabajo para resolver los problemas de desventaja de las mujeres negras a nivel territorial, o sea, pasar de un enfrentamiento general del problema a la particularidad.

“En cada zona del país no sucede lo mismo”, remarcó.

Este posicionamiento desde el territorio permitirá, según sus palabras, que se destinen más recursos para la educación en aquellas comunidades donde un número mayor de jóvenes acceden a la universidad, por ejemplo.

El espinoso tema de uso y formas de registro de las cifras oficiales, que deben ser suministradas por la Oficina Nacional de Estadísticas (ONE), fue otro de los elementos discutidos que surgieron a partir de la intervención de Espina.

Hace poco, la Cofradía de la Negritud circuló un artículo publicado en Cubadebate, del profesor Esteban Morales, sobre la necesidad de incluir el indicador raza en los registros estadísticos realizados por las instituciones pertinentes. La realidad es que el registro nacional del 2002 arrojó muy poca luz, o ninguna, sobre la composición racial contemporánea de la población cubana.

Por su parte, Irene Ester Ruiz reveló algunos resultados de su investigación reciente sobre la presencia de personas negras, en específico mujeres, en la televisión estatal. "Son muy pocas las mujeres negras que con su rostro aparecen en la televisión cubana", aseveró Ruiz.

No se trata de una cuestión cuantitativa sino más bien de las desigualdades de acceso al estudio de las carreras que preparan para tal, como Periodismo y Comunicación Social, en las cuales hay muy pocos estudiantes negros, abundó la experta.

Por mi parte, creo que hay varios proyectos que, de alguna manera, intentan visibilizar las contribuciones de las mujeres negras al debate racial.

Un ejemplo de ello es el blog Afrocubanas , escrito desde Cuba y coordinado por la intelectual Inés María Martiatu , donde se exponen los aportes desde la cultura y las artes de las cubanas afrodescendientes a la temática.

A pesar de su reciente creación, la bitácora es visitada por muchas internautas quienes acceden interesadas en conocer la obra de las mujeres negras escritoras y artistas. Aunque lenta y con las limitaciones del acceso a Internet o correo electrónico en Cuba, esta es una forma de potenciar la participación de las cubanas negras en los debates sobre raza y género.

Mi propio blog, Negra cubana tenía que ser , comenzó como todas las pequeñas iniciativas, con la novedad de una temática silenciada en Cuba. En la actualidad interactúo con otras mujeres afrodescendientes, cubanas e internacionales, en aras de establecer lazos para la concientización de nuestro grupo racial y de género.

El público asistente al panel coincidió en una verdad reiterada toda vez que se tocan aspectos de gran sensibilidad como este: la necesidad de hacer llegar a las instancias correspondientes, como la Asamblea Nacional –parlamento unicameral en Cuba -, o el Ministerio de Educación, entre otras, las consideraciones aquí vertidas.

En especial, las instituciones públicas concernientes deben actuar y controlar que en los medios de comunicación, en su sentido más amplio, se realice un tratamiento digno de la imagen de las mujeres cubanas afrodescendientes y se reconozca su rol en la cultura e historia nacionales.

Por su parte, Gisela Arandia, miembro de la Red de Mujeres Afrolatinoamericanas, Afrocaribeñas y de la Diáspora expuso algunos contenidos sobre la declaración final de la Undécima Conferencia Regional de América Latina y el Caribe en Defensa de la Mujer celebrada en Brasil. El principal aporte de este documento es que fue coescrito por las mujeres afrodescendiente y por las mujeres indígenas, quienes se unieron identificando puntos comunes de interés, reveló Arandia.

La Red, en la cual Cuba participa aún discretamente, nos permitirá abrirnos al mundo, conectarnos con afrodescendientes de nuestra región en aras de establecer una relación de intercambio. Las cubanas tendríamos mucho que decir y nuestra experiencia podría ser considerada válida a nivel regional. Del mismo modo, podríamos nosotras aprender experiencias novedosas para Cuba, eficientemente desarrolladas en otras latitudes, como las redes de economía solidarias, por ejemplo (2010).
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http://negracubana.nireblog.com

(1) No ano de 2006, no Brasil, houve a tentativa do lançamento de uma cerveja com o nome “mulata”. Chegaram a contratar figuras importantes da cultura musical para propaganda. Houve grita do movimento de mulheres negras. Não acompanhamos o desenrolar, mas, ao que tudo indica, a cerveja não está sendo comercializada. (nota de MLG)
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